Macaé reduz violência, melhora índices, atrai turismo e negócios


Entre 2020 e 2024, Macaé protagonizou uma das maiores quedas de indicadores de violência no Estado do Rio de Janeiro. A cidade, que em 2020 figurava entre as 50 mais violentas do país proporcionalmente, passou a liderar, por três vezes consecutivas, o ranking estadual de combate à criminalidade, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). A transformação, iniciada no primeiro mandato do prefeito Welberth Rezende, envolveu investimentos em pessoal, tecnologia, integração entre forças de segurança e programas sociais.
A queda nos índices de criminalidade em Macaé não foi um salto isolado, mas sim resultado de reduções consistentes ano após ano, de acordo com estatísticas do ISP. Um exemplo disso é a letalidade violenta (homicídio): em 2020, a cidade registrou 133 mortes; em 2021, foram 127; em 2022, 115; em 2023, 72; e em 2024, apenas 35. A redução acumulada nesse período chega a quase 74%. A tentativa de homicídio seguiu a mesma linha, com 176 registros em 2020, caindo para 157 em 2021, 121 em 2022, 66 em 2023 e 43 em 2024 – uma redução de mais de 75%.

O roubo de rua, que teve aumento pontual em 2022, caiu de 471 casos em 2020 para 126 em 2024, o que representa uma queda superior a 73%. O roubo de veículos, que chegou a subir nos dois primeiros anos do recorte (passando de 85 para 147 entre 2020 e 2022), despencou em seguida, chegando a apenas 17 casos em 2024 – 80% a menos do que no início do período. Já o roubo de carga, apesar de oscilar, saiu de 8 ocorrências em 2020 para apenas 1 em 2024, uma redução acumulada de 87,5%.

Em entrevista exclusiva ao J3News, Welberth comemorou a virada de chave em Macaé na segurança pública. A redução nos índices, de acordo com o prefeito, é resultado de parcerias com as forças de segurança e também do investimento direto da Prefeitura.
“Fico muito feliz em poder estar vivendo essa fase, sendo prefeito em um momento de redução histórica e uma queda na criminalidade. Eu encontrei a cidade entre as 100 mais violentas do Brasil até 2020 e hoje a gente vê um cenário totalmente diferente. Isso nos dá muita satisfação, mas também muito compromisso para manter os números. Nós temos trabalhado em parceria com as polícias Civil, Militar e Federal, PRF, com o Governo do Estado, com o Ministério Público, o Judiciário e a união de todas essas forças junto com a Prefeitura tem dado muito certo”, disse.
Hoje, a 123ª Delegacia de Polícia (DP) de Macaé lidera o ranking do ISP de elucidação de crimes no Estado com nota máxima: 100 AAA. De 184 unidades, somadas às especializadas, a cidade ocupa a primeira colocação. O reconhecimento vem junto com a ampliação da estrutura: Macaé realizará investimentos totais de R$ 40 milhões da arrecadação própria para implantar novas delegacias especializadas, como a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), de Atendimento à Mulher (Deam) e Delegacia de Crimes Virtuais, além de 12 novos delegados, em parceria com o Governo do Estado.
Presença nas ruas e parcerias
Em 2020, o 32º Batalhão da Polícia Militar contava com 240 policiais no quadro, mas 60 por dia estavam nas ruas – o sistema de escalas 24×72 coloca três de folga para cada de plantão. A partir de 2021, a cidade começou a ganhar reforços. A Prefeitura articulou a chegada dos programas Segurança Presente, com cerca de 30 policiais por dia, o de Integração na Segurança (Proeis), que garantiu mais de 30 militares diariamente, além de cerca de 10 policiais civis a mais nas ruas, com a administração municipal custeando o Regime Adicional de Serviço (RAS), um sistema que permite aos policiais trabalharem horas extras, além de suas escalas regulares, recebendo uma remuneração adicional pelo serviço, ampliando em 150% a presença de agentes.
Além disso, em 2023, foi implantado em Macaé o Batalhão de Ações com Cães (BAC), o primeiro do interior fluminense, com investimento municipal de R$ 6 milhões e mais 15 policiais especializados. A Guarda Civil Municipal também assumiu uma postura de protagonismo, além de ter sido fortalecida com viaturas, capacitação e, agora, com a entrada em processo de armamento de agentes.
“Segurança também é papel da Prefeitura. Por isso, o resultado tem sido positivo. Desde o início, entendemos que a Guarda Municipal precisava ir além de cuidar do patrimônio. Hoje, o foco é proteger o patrimônio mais importante: a população. A Guarda e a Secretaria Mobilidade Urbana já atuam em parceria no dia a dia. As multas, por exemplo, são aplicadas com o talão da Mobilidade, já que a Polícia Militar perdeu a função de multar, e hoje quem tem autoridade de trânsito é a estrutura municipal. É com esse instrumento que enfrentamos diretamente o uso irregular de motos, muitas vezes ligadas a roubos e homicídios. Estamos avançando também no armamento da Guarda, que assume um papel ainda mais ativo na segurança da cidade”, afirmou o prefeito.
As multas que antes eram aplicadas pela PM através do convênio firmado entre Estado e a Prefeitura de Macaé, passaram a ser aplicadas somente pelo sistema da secretaria de Mobilidade, por meio dos agentes de trânsito da GCM.

Prevenção e tecnologia
Segundo Weberth Rezende, a Prefeitura também apostou na tecnologia e na reorganização urbana como ferramentas para combater a violência. A melhoria da iluminação pública em áreas vulneráveis foi um dos pontos-chave para inibir delitos. Além disso, Macaé conta com um Centro Integrado em Mobilidade e Apoio ao Cidadão (Cimac) com 200 câmeras, que contribuem na solução de delitos, análise de sinistros de trânsito, coleta de dados do trânsito e monitoramento do transporte público. Segundo o prefeito, o objetivo é transformar o Cimac em um Centro de Controle e Monitoramento (CCO), com 800 câmeras inteligentes de reconhecimento facial e leitura de placas nas entradas e saídas da cidade.
A atuação integrada também ganhou força com a criação do Plano Municipal de Segurança Pública e Defesa Social, da Patrulha Maria da Penha, do Conselho Municipal e do Observatório de Segurança. As ações vão desde a repressão imediata, com a Coordenadoria de Pronta Ação, até programas sociais como a Moeda Macaíba, Cartão Educa Mais, Bolsa Atleta e o Projeto Volta Escola, que busca alunos infrequentes ou evadidos, e passagem de ônibus a R$ 1.

Secretaria de Segurança
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro informou que as polícias atuam de forma integrada no enfrentamento às organizações criminosas. “As forças de segurança têm investido em inteligência, tecnologia e treinamento, visando enfraquecer financeiramente as facções. As operações são baseadas em planejamento estratégico para a apreensão de armas e drogas e na prisão de criminosos. O uso de ferramentas tecnológicas, como sistemas de reconhecimento facial, monitoramento por câmeras, análise de dados e apoio aéreo, também é fundamental. A Secretaria de Segurança Pública reforça que o trabalho é contínuo e tem como objetivo a preservação de vidas e o fortalecimento da segurança da população fluminense”.
Segurança que impulsiona o desenvolvimento
Apesar dos avanços recentes em segurança, Macaé já viveu um cenário bem diferente. Em 2007, o Mapa da Violência classificou a cidade como a quinta mais violenta do Brasil entre jovens de 15 a 24 anos. O crescimento econômico impulsionado pelo petróleo nas décadas de 1980 e 1990 trouxe expansão urbana desordenada e falhas na estrutura pública, o que causou o aumento da criminalidade, de acordo com o ISP revista, de 2023.
Até 2020, o município ainda aparecia com frequência entre os líderes em mortes violentas no país, mas o que se vê desde 2021 é um ciclo diferente. Macaé voltou a crescer – a população passou de 75 mil em 1980 para 246 mil em 2022 – mas o avanço urbano chegou acompanhado de segurança e planejamento.
Como um ciclo, o município primeiro arrecadou recursos, investiu na qualificação do ambiente de negócios através da segurança, assim atraindo novas empresas, gerando empregos e aquecendo o comércio. Macaé se destaca nas áreas de óleo, gás e energia, mas também foi reconhecida no novo Mapa do Turismo Brasileiro como “município turístico classe A”.
Na “Princesinha do Atlântico”, segurança pública é vista também como base para o crescimento econômico. A administração municipal defende que nenhum município avança sem garantir tranquilidade para quem investe. Por isso, o prefeito afirma que estende o “tapete vermelho” para empresários – expressão usada para reforçar o prestígio e a prioridade dada aos investidores.
“Segurança é um dos pilares para que se tenha uma cidade com desenvolvimento econômico. Cuidar das empresas é nosso negócio prioritário. Costumo falar que a gente coloca tapete vermelho para o empreendedor e cuidamos deles para que possam trazer cada vez mais empregos e melhorar a vida das pessoas. A cidade tem discutido o tema de forma prioritária, melhoramos a nossa questão jurídica, desburocratizando a máquina pública, porque entendemos que era necessário também permitir um acesso mais fácil do empreendedor à cidade. Então, sim, segurança pública era fundamental naquele momento, mas também algumas práticas e ações por parte da Prefeitura. Foi o momento de virada para tudo isso acontecer”, disse o prefeito.
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