Bombeiro que atirou em atendente do McDonald's na Taquara se entrega

O sargento-bombeiro Paulo César de Souza Albuquerque, que atirou em um atendente do McDonald’s na Taquara, na Zona Oeste do Rio, se entregou na 32ª DP (Taquara) nesta sexta-feira (20). O crime aconteceu no dia 9, e segundo um amigo do bombeiro não foi acidental.
O sargento teve a prisão decretada pelo juiz Gustavo Gomes Kalil, do 4º Tribunal do Júri. Na decisão, o juiz afirma que a prisão é necessária para a instrução criminal do caso, “garantindo a integridade física e psíquica das testemunhas e, especialmenente da vítima sobrevivente, além, por óbvio, dos depoimentos judiciais delas com segurança”.
Policiais já tinham apreendido o Mercedes onde Paulo estava no dia da agressão.
O atendente Matheus Domingues Carvalho, de 21 anos, teve alta na quarta-feira (18). Ele estava internado havia dez dias depois de ser baleado na barriga. O jovem passou por uma cirurgia, perdeu o rim esquerdo e teve ferimentos no intestino.
Matheus foi ouvido pela polícia pela primeira vez nesta segunda-feira (16), quando ainda estava no hospital.
Durante mais de 50 minutos, ele contou como foi o encontro dele com o sargento Paulo César dentro da lanchonete (entenda a dinâmica).
Segundo o delegado responsável pela investigação, Ângelo Lage, o tiro causou uma lesão na coluna que afetou o movimento das pernas da vítima.
“Ficou bem claro pra gente que realmente o tiro foi à queima-roupa. Ele tem uma lesão de queimadura na pele. Inclusive um fato novo é que o pedaço do projétil acertou a coluna dele também e ele está com uma lesão na coluna que está afetando o movimento das pernas dele”, disse à TV Globo.
Vídeo mostra o crime
Imagens de câmeras de segurança mostram a confusão que terminou com o atendente do McDonald’s baleado.
Segundo testemunhas, a briga foi por causa de um cupom de desconto. Segundo colegas de Mateus, o bombeiro fez um pedido no drive-thru, mas só no fim do atendimento disse que tinha direito à redução no preço. Mateus explicou que a informação precisava ser dada no início do pedido.
O cliente ficou insatisfeito, saltou do carro, e foi em direção à janela onde Mateus atendia.
As imagens mostram os dois conversando inicialmente. Mateus, sentado dentro da loja, fala com o bombeiro, que está de pé, do outro lado da janela. De repente, Paulo César afasta o que parece ser uma proteção de acrílico, passa o braço pela janela e dá um tapa em Mateus, que revida.
O bombeiro, então, dá a volta e entra no McDonald’s, com a arma na mão, como mostra a gravação de uma câmera do interior da loja. Algumas pessoas tentam impedir que ele avance, em vão.
O miliar guarda a arma e chega onde está o atendente sem nada nas mãos e sai do ângulo da filmagem.
Segundos depois, dá para ver Mateus caindo no chão e sendo acudido por um colega, enquanto o atirador sai caminhando calmamente, ao lado de uma mulher e um homem de casaco laranja e boné – que havia entrado atrás dele na loja e presenciou o crime.
Amigo negou disparo acidental
À polícia, o agressor disse que o tiro foi dado de forma acidental. Uma testemunha, no entanto, negou a versão: Carlos Felipe da Silva Brasil aparece de camisa laranja nas imagens e foi à lanchonete junto com o bombeiro acusado pelo crime.
Em depoimento, ele disse que o tiro não foi acidental. Agora, com o relato da própria vítima, os policiais da delegacia da Taquara reforçaram a tese do inquérito de que houve uma tentativa de homicídio.
Em nota, o McDonald’s afirmou lamentar profundamente e informou que prestou socorro imediatamente ao funcionário, que foi levado rapidamente para o hospital pela polícia.
“A empresa está acompanhando e dando todo o suporte para seus familiares e já está colaborando com as investigações sobre o caso”, emendou.