Segundo o epidemiologista Bruno Scarpelini, professor e pesquisador na MedPUC Rio de Janeiro, esse é o período mais crítico da pandemia no estado.
“Se olhar a taxa de reprodução do vírus, a maior que a gente teve no Brasil e no Rio de Janeiro foi em abril e maio do ano passado. A taxa de novembro e dezembro foi muito semelhante ao que a gente observa agora. Só que dessa vez, a gente teve um aumento percentual do número de óbitos. Então é o momento mais crítico sim, tanto por número de casos, quanto de mortes”, afirmou o especialista em entrevista ao G1.
Ele fala ainda sobre o efeito da pausa emergencial no Estado do Rio feita há um mês, e o período necessário para que houvesse impactos maiores no combate ao contágio.
“Para flexibilizar as medidas, você precisa de duas semanas em sequência de queda no número de casos e óbitos, e taxas de ocupação abaixo de 70%. A paralisação ajudou, mas para ver um efeito mais robusto sobre o número de óbitos e de casos, uma queda acentuada na cadeia de transmissão, ela tinha que ser feita por, no mínimo, 21 dias”, disse o epidemiologista.
“Pela história da evolução natural da doença, 80% das pessoas vão ter uma síndrome gripal leve, 10 a 15% moderado, 5% grave e 2%, em média, vão falecer. Dados mostram que 2 de cada 3 pacientes que vão para o CTI, para ventilação mecânica, acabam falecendo”, explicou.
Para o infectologista, as altas taxas de ocupação dos hospitais preocupam.
“No caso do Rio, ele é um dos estados com um dos maiores números de internações. E como a taxa de casos que evoluem para gravidade é fixa, em 5%, quanto mais pessoas se infectam, mais pessoas precisam CTI. Então se configura uma situação preocupante, já que os hospitais já estão em colapso, com taxas de ocupação acima de 70%”, afirmou o especialista.
Reprodução: G1.com