PIB do RJ volta para o nível pré-pandemia, mas economia do estado ainda enfrenta grandes desafios, dizem especialistas
Depois de três trimestres seguidos de crescimento, a economia fluminense fechou o ano passado com saldo positivo de 4,1%. Mesmo assim, o estado ainda enfrenta desafios como uma taxa de desemprego maior do que a média nacional.
Com o resultado do PIB, o nosso produto interno bruto recuperou as perdas provocadas pela pandemia em 2020 e ficou no nível pré-pandemia.
Nos últimos três meses de 2021, a economia do estado do Rio tinha apresentado um pequeno recuo (- 0,2%) em comparação com o período anterior.
Ainda assim, no consolidado do ano, o resultado é de crescimento. O setor que mais contribuiu para o estado voltar a crescer foi a construção civil, que cresceu 6,7% em 2021 em comparação com o ano anterior. Os juros pra financiamento habitacional – que no ano passado estavam baixos – ajudaram bastante.
A federação das indústrias diz que a venda da Cedae também deu força à construção civil, com as concesionárias já contratando obras de infraestrtutura. Mais de 14 mil novas vagas foram criadas nos canteiros de obras.
Na indústria da transformação, a retomada também foi forte, crescendo 6,2% em relação a 2020, com a participação principalmente da metalurgia, fabricação de carros e medicamentos, apesar da falta de matérias-primas.
Depois da vacinação e da volta das atividadades presenciais, bares, restaurantes, lojas reabriram as portas e o setor de serviços também terminou 2021 com taxa positiva – subindo 4,4% em relação ao ano anterior.
A extração de óleo e gás, a atividade que tem mais peso na indústria, ficou estável , subindo apenas 0,3%, e não ajudou muito o desempenho do PIB.
“O que podemos apreender é que a expectativa pra 2022 é melhor que 2021, pelo que nós avançamos na preservação de vidas, a abertura das atividades aumentaram, então, a perspectiva é boa. Por outro lado, é um ano difícil pq nós não temos ainda uma visão mais confiável do que vai impactar essa guerra na Ucrânia e temos um ano político também que de uma forma ou de outra impacta as atividades econômicas”, diz Luís Césio Caetano, presidente em exercício da Firjan.
Desafios
O economista Mauro Osório explica que é preciso olhar pra tras para entender melhor onde a economia do Rio está de fato.
Entre 1970 e 2019, a participação do PIB fuminense no nacional caiu 37% – nenhum estado perdeu tanto. Entre os anos de 2014 e 2021, o Brasil abriu quase 730 mil novas vagas de emprego. No mesmo período, 580 mil vagas deixaram de existir no Rio.
Atualmente, o estado tem uma taxa de desemprego maior do que a média nacional – 14,20% no Rio, contra 11,15% no Brasil.
O RJ está em 13º lugar na arrecadação de ICMS per capita, de acordo com o número de habitantes.
Mauro Osório explica que parte desses problemas é causada pela falta de infra-estrutura e pela falta de cadeias completas de produção.
No petróleo por exemplo: o Rio produz óleo, mas pelo menos 70% dos fornecedores de peças e serviços estão fora do estado.
“Tem uma proposta da Alerj de fazer um duto de gás para trazer um gás do alto mar para Itaguaí e aí você usar esse gás para industrializar uma área que é um deserto produtivo. É necessário ter estratégias de diversificação de adensamento da estrutura produtiva”, explica.