Marido de grávida morta ofereceu ajuda em ‘vaquinha’ de melhor amigo em troca de assassinato
A Polícia Civil concluiu nesta segunda-feira o inquérito que indicia o professor Diogo Viola de Nadai, de 37 anos, preso desde o dia 10 de março suspeito de ser mandante da morte de sua companheira, a engenheira Letycia Peixoto Fonseca, com quem mantinha um relacionamento extraconjugal desde 2015 e que havia engravidado.
Segundo a delegada Natália Patrão da 134ª DP, a motivação para o crime foi a gravidez de Letycia já que Diogo era casado e temia o fim do casamento e o constrangimento da família, caso a infidelidade fosse descoberta.
Quatro pessoas foram indiciadas pelo crime. Diogo Viola, o marido de Letycia, Dayson dos Santos Nascimento, que efetuou os disparos, e Gabriel Machado Leite, que conduziu a moto roubada no dia do crime, vão responder por homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, sem chance de defesa, mediante paga e feminicídio com aumento de pena pelo fato da vítima estar gestante.
João Gabriel, melhor de Diogo com quem teria articulado o crime, está sob prisão domiciliar por ter três filhos menores. A arma e a moto utilizada no crime não foram localizadas.
As investigações apontaram que Diogo teria planejado matar a amante na semana do carnaval por não aceitar a gravidez e arquitetou um plano com a ajuda de amigos. Para a investigação, a existência das duas relações amorosas foi crucial para o crime. A delegada pontua ainda que o professor tinha depressão e estava insatisfeito com os dois relacionamentos. Na semana do crime, ele teria feito pesquisas pelo celular “tristeza que não tem fim” e “vontade de se matar”.
— Ele tem vários dias de pensamento e reflexão. Diego sabia que iria perder a liberdade. Os amigos e pessoas próximas ao professor relatam que ele era um cara muito conservador e de família religiosa. A notícia da gravidez de Letycia fez ele perceber que poderia perder o casamento com a Érika, sua primeira esposa. Ele também temia envergonhar a família. Não temos dúvida da motivação do crime — afirmou a delegada.
Durante a coletiva na manha desta segunda-feira, a delegada Natália Padrão detalhou o comportamento “frio e calculista” do professor em relação a Letycia. Segundo a polícia, João Gabriel, um dos participantes do crime, relatou em depoimento que Diego — com quem ele tem uma relação de amizade desde a infância— teria o procurado na semana do carnaval para pedir ajuda. Naquela época, João Gabriel, pai de três crianças portadora de necessidades especiais, tinha aberto uma ‘vaquinha’ online visando arrecadar dinheiro para o tratamento.
Durante as trocas de conversa, Diego afirmou que ajudaria o amigo com a quantia necessária, mas que em troca ele teria que “matar uma mulher”.
O Gabriel narra que o Diogo procurou ele no carnaval. Eles chegam a combinar tudo. Diego mandou uma foto do crachá de Letycia com um retrato 3×4. No dia do crime, Diego liga para a Letycia às 10h59 para saber onde ela estava. Em seguida ele avisa Gabriel por WhatsApp que liga para o Daysson às 11h52. Diego é conduzido para a delegacia porque os policiais que atenderam a ocorrência estraram a postura dele. A esposa e o filho estavam na UTI e ele não apresentava nenhuma reação de tristeza ou desespero. Estava calmo e tranquilo. Na delegacia o celular dele foi apreendido. Identificamos que ele trocou mensagens em tom de brincadeira, como se não estivesse preocupado com o que tinha acontecido com a Letycia — detalhou a delegada.
Dívidas e pagamento de recompensa
A polícia apurou que Diego Viola teria se afundado em dívidas em função das apostas que fazia com jogos de pôquer. Erika, sua primeira esposa, afirmou em depoimento que teria emprestado R$ 30 mil para quitar parte dos valores. No entanto, a quantia pode ter sido usada para financiar a execução do crime. A investigação apontou ainda que Erika e Letycia não se conheciam. Ambas mantinham um relacionamento simultâneo com o professor desde 2015.
Já o melhor amigo, Gabriel, confessou que Daysson recebeu R$ 5 mil reais de recompensa pela participação, pagos pelo professor. Hugo, fruto do relacionamento de Diego com Letycia, nasceu com 8 meses e não resistiu. Segundo a polícia, o professor se recusou a fazer exame DNA, mas afirmou ser pai da criança. Mesmo assim não o registrou.
- Por O Dia