Redução de pessoas em situação de rua chama atenção

 Redução de pessoas em situação de rua chama atenção
Antes e depois|Moradores em situação de rua desocuparam barraca no Cais da Lapa (Fotos: Silvana Rust)

Quem circula pela área central de Campos tem percebido uma diminuição de fluxo de pessoas em situação de rua nas principais vias do município. A equipe de reportagem do J3News percorreu algumas vias na semana passada e constatou que, figuras conhecidas dos campistas não estão sendo vistas rotineiramente pelo Centro. Em uma reportagem especial sobre pessoas em situação de rua publicada no mês de agosto, contamos a história do casal Ana Nobre e Vítor, que viviam em um barraco instalado à beira do Cais da Lapa, junto com o sobrinho, Rafael, e mais um amigo. No entanto, eles deixaram o local e estão atualmente na Praça das Taças, em frente ao Mercado Municipal. A saída da família da área, cartão postal de Campos, vai de encontro à percepção de quem circula pelo centro: uma aparente redução do fluxo de pessoas em situação de rua.

Questionada sobre ações voltadas a este público, em nota, a direção da Proteção Social Especial, que é ligada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social, disse que a família migrou para outro ponto do município, que não é de conhecimento deles. “Através das equipes do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop), essa família foi abordada e informada sobre a disponibilidade de se instalar em um dos quatro abrigos municipais. No entanto, essa possibilidade foi descartada pelo grupo”, informou a prefeitura.

Ao contrário do que diz a prefeitura, Ana e Vitor relataram que saíram do Cais da Lapa não por vontade própria, mas porque teriam sido obrigados a sair. “Eles (a prefeitura) vieram cheio de viaturas, chegaram com vandalismo. Infelizmente, eles tiraram a barraca, levaram as nossas compras, nossas roupas foram jogadas fora. Ninguém desacatou. A gente não podia fazer nada pelo horário da noite, pois não existia a população por lá na hora que eles foram. Foi de madrugada. Tinha carro de polícia, tinha tudo, parecia que a gente era algum traficante, um cara bem perigoso”, relata Vitor. Ana disse que ficou muito abalada com o acontecido. “Eu achei isso uma injustiça o que fizeram comigo e com o meu marido. Chegaram lá, pegaram a minha barraca e quase me derrubaram. A gente só quer o direito nosso”, desabafa.

A barista Ellen Nathaly Soares, que trabalha em um café no Centro, conta que percebeu uma diminuição no número de pessoas em situação de rua. “A gente que trabalha no centro vê que está vazio, tem muito menos moradores de rua, principalmente perto de algum feriado. Isso já faz bastante tempo, há mais de um mês”, diz Ellen.

De acordo com a SMDHS, “o Centro Pop realiza abordagens sociais diariamente com o objetivo de encaminhar pessoas em situação de rua para os abrigos municipais. Porém, a decisão de ir para o abrigo e a permanência nos equipamentos é do indivíduo. Durante as abordagens, são desenvolvidas ações planejadas de aproximação, escuta qualificada e construção de vínculos de confiança com pessoas e famílias em situação de risco pessoal e social”, informou por meio de nota.

Censo aponta centenas de pessoas em situação de rua em Campos
Em 2022, no primeiro Censo sobre a população em situação de rua em Campos, elaborado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS), a Prefeitura identificou 114 pessoas vivendo nas ruas da cidade. Do total de pessoas em situação de rua, 49 disseram que dormiam nas ruas, em casas ou em prédios abandonados. Já 42 pessoas disseram que utilizavam a rua como forma de trabalhar. Não foram disponibilizados dados de 2023 e 2024. A SMDHS informou que realiza abordagens sociais feitas pelas equipes do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop) com o objetivo de encaminhar para os abrigos municipais.

Campos dos Goytacazes possui quatro abrigos para onde as pessoas são encaminhadas e atendidas, sendo eles: Manoel Cartucho, Casa de Passagem, Lar Cidadão e uma Organização da Sociedade Civil (OSC) cofinanciada pela SMDHS. Juntos, os abrigos têm 120 vagas. “Ao aceitar a ida para um abrigo, o assistido passa a contar com um espaço onde pode realizar refeições, higiene pessoal e ter um local seguro para guardar seus pertences. Também são oferecidos atendimentos com profissionais, como assistentes sociais, psicólogos e pedagogos, além de oficinas e cursos que auxiliam na independência e reinserção dos cidadãos na sociedade”, afirma a prefeitura.

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