A cor e a dor da consciência
Restrito, até então a seis estados, o feriado em homenagem ao Dia da Consciência Negra, se nacionaliza este ano em uma ordem de grandeza necessária. Este ainda é um tema delicado, mas avançamos muito nas últimas três décadas. O país reconheceu uma espécie de hipoteca social a ser paga aos negros, e resolveu quitá-las reconhecendo seus direitos, antes negados.
Se todos colocarmos a mão na consciência para refletir sobre tudo isso, iremos concluir que ela – a consciência – não tem cor, mas possivelmente encontraremos dor. Temos, sim, dores de consciência, ao constatarmos que, mesmo após a abolição, o estado tratou o negro como cidadão de terceira categoria, limitando sua participação na sociedade.
Recentemente, percebemos que essa diversidade de cores é uma riqueza e que o negro é uma parte tão importante quanto as outras para a construção da nossa sociedade. O preconceito e o racismo ainda estão no ar, mas perdem força por força de leis que consideram, por exemplo, o racismo crime.
O tema da redação do Enem deste ano foi sobre “os desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Certamente, muitos jovens, independente da cor, tiveram dificuldade em discorrer sobre o assunto. Importante lembrar que o negro deve estar sempre na pauta da sociedade e ocupando importantes espaços na política, na economia, no mercado em geral, embora a representatividade seja apenas parte do caminho ideal, sem a distinção de cor.
Sobre os desafios de manter a herança africana, cobrado no Enem, para uma boa pontuação, o candidato poderia escrever uma história de dor, vivida no tempo da escravidão, entre açoites, suor e perseguição religiosa. No final, escreveria “não foi eu quem viveu essa história, mas essa história é minha também”.
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